quarta-feira, julho 19, 2006

Lost in Serendip

Estou neste momento a ouvir algumas das músicas mais antigas, que não publiquei. Encontro coisas de que gosto um pouco por todo o lado. Músicas às dezenas, variadas, incompletas, imperfeitas, diferentes. Ou talvez não tão diferentes assim do que fiz até agora (há um padrão que surge com o aumento de estatística, mesmo querendo fugir a padrões). Uma coisa parece certa: à força de ouvir sons esquisitos e de criar músicas sem ligar às convenções que conheço, perdi as referências. Já não sei o que é uma boa música. Já não sei o que ela é suposto ter, a que regras deve obedecer, se deve ter o ritmo certinho ou não, se as notas devem soar melódicas ou se o que as torna interessantes é precisamente a dissonância, que falhas são admissíveis, já nem sei o que isso é. As misturas mais disparatadas de instrumentos parecem-me tão boas quanto as mais convencionais, esqueci-me do que é a música e para que serve. No processo de composição, é suposto tentar-se perceber o que se gosta numa música para se poder aprofundar o que a melhora, mas definitivamente perdi o gosto, parece que quase tudo serve, parece que tudo pode ser belo se se quiser. Mas não pode ser. Como é possível que tanta coisa feita à pressa, sem cuidado, possa prestar? Obviamente não pode.

Mas racionalizar demasiado parece estragar o prazer de ouvir sons. (E porque é que gostamos tanto de ouvir certos sons? Oh, lá estou eu outra vez.) O melhor é mesmo seguir a intuição, sem a querer perceber.

Sem comentários: